segunda-feira, 27 de janeiro de 2025

CONCLAVE (2024) : TORRONES?(S/N)


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Trama básica: Morre o Papa e Ralph Fiennes é uma espécie de Cardeal Mor (e grande amigo do falecido) que tem a função de liderar e organizar o Colegiado de todos os Cardeais para escolher o próximo Pontífice, no contexto do titular Conclave. O filme se divide entre a seriedade da tradição milenar (a forma) X a frivolidade que privilegia o entretenimento (o conteúdo real).

ISABELLA ROSSELLINI EM CONCLAVE

Em termos de forma a direção e a montagem investem ao limite no detalhismo do ritual católico e a direção de arte (em particular) é fora de série. Ou seja: os principais aspectos técnicos não desapontam (e exibem coerência com o procedimento sendo retratado, reforçando o natural interesse por ele)... As atuações são competentes de: Fiennes (que apresenta muita força exterior para sustentar o Conclave ao mesmo tempo que represa interiormente crises de fé e de ofício), Tucci (vivendo uma versão cardinal de um escorregadio Democrata Americano), Lithgow (que curiosamente parece preservar a ambiguidade em todos os momentos) , Castellitto (que só falta devorar o cenário) , Msamati (outro que projeta impressões contraditórias) , Diehz (cuja apresentação naturalística aqui beira o "não ator" como poderíamos esperar da sua história) e Rossellini (com uma presença muito forte em um tempo mínimo de tela: discutivelmente a MVP aqui).

Por outro lado, o conteúdo se assemelha mais ao de um melodrama de fio desencapado (MFD). Os personagens são arquetípicos e as discussões são relativamente rasas, de modo geral se resumindo a intrigas políticas rasteiras dentro do grupo de votantes e potenciais candidatos que se apresentam como líderes orgânicos das votações iniciais. Olhando para os principais Cardeais candidatos: Tucci vive um liberal progressista (próximo ao personagem de Fiennes), Lithgow um conservador, Castellitto um reacionário italiano (algo deveras significativo), Msamati como um falso exemplo de inclusão (uma "inclusão regressiva" por assim dizer) e Diehz retrata o mais humilde, sofrido e desinteressado pelo poder dentre eles (e óbvio alvo da flecha do melodrama)... De modo que a vitória do Cardeal de Diehz é mais do que óbvia seguindo a formula melodramática (nessa altura, uma vitória do personagem de Fiennes talvez fosse uma real reviravolta e um fechamento mais elegante para a história)

Assim ficamos com uma figura de um Finado Papa que habilmente manipulou a todos além do túmulo. O seu maior amigo liderou os trabalhos, os seus adversários ideológicos foram retirados de cena via suas ações cirúrgicas em vida e o seu escolhido/escondido se tornou o novo Papa.

Existe uma reviravolta pós resolução de terceiro ato onde o novo Papa Mexicano é revelado como intersexo tendo útero e ovários... Esta Castanha ficou coçando a cabeça nesse ponto.
 
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Sim ou Não? Não. Foi um bom filme. Mas o final nos causa dúvida se desejamos revisita-lo em um futuro próximo ou não. Também não temos muito interesse na carreira do diretor Edward Berger ate o momento.

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A série TORRONES?(S/N) mostra Luiz Castanheira decidindo se vai agregar um novo filme (que já passou pelo crivo de relevância popular e/ou crítica) a sua exclusiva coleção de Torrones De-li-ci-o-sos!

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