CRIADOR & SHOWRUNNER: DAVID SIMON
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TEMPORADA 01
01 The Target [***]
02 The Detail [***]
03 The Buys [***]
04 Old Cases [***]
05 The Pager [***]
06 The Wire [***1/2]
07 One Arrest [***1/2]
08 Lessons [***1/2]
09 Game Day [***1/2]
10 The Cost [****]
11 The Hunt [****]
12 Cleaning Up [****]
13 Sentencing [****]
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The Wire é uma série difícil de assistir?
Apesar da fama que The Wire acumulou nesses 20+ anos, como a melhor série de TV de todos os tempos, a criação de David Simon é surpreendentemente acessível, cheia de humanidade e humor. Com personagens marcantes e reflexões profundas que ficam com o espectador.
Do que se trata?
Poderia se dizer que The Wire é uma série policial mas isso seria insuficiente... Seria mais preciso dizer que ela utiliza as convenções de uma série policial (especialmente aquelas referentes a forças tarefas policiais centradas em escutas, daí o seu título!) para examinar PROFUNDAMENTE as estruturas de poder em uma grande cidade americana de maioria negra: Baltimore!
Toda a primeira carreira de Simon, como jornalista, se deu na cidade de Baltimore. Ele escreveu o livro Homicide: A Year on the Killing Streets (1991) sobre a sua experiência como repórter policial por lá. Tal livro então originou a clássica série Homicide: Life on the Street (1993–99) também ambientada nessa mesma cidade. O showrunner Tom Fontana deu o primeiro emprego como roteirista para Simon, justo em Homicide. Seja na vida real ou na ficção, Simon conhecia muito bem tal cidade... E as suas vísceras... A primeira temporada de The Wire é centrada no tráfico de drogas local por exemplo.
Parece muito intelectual e com pouco coração. Será que vai me interessar?
Essa abordagem que seria receita para um documentário enfadonho em mãos menos capazes ganha vida com Simon. Primeiro, devido a sua específica experiência em primeira mão com a rotina policial (um ano totalmente dedicado e em campo pesquisando para escrever o seu livro), ele é capaz de embutir uma verossimilhança no programa nunca vista antes no gênero. Segundo, com o seu conhecimento jornalístico da cidade, ele é capaz de nos oferecer uma perspectiva realista sobre todo o seu funcionamento. Terceiro, ele povoa esse universo infinitamente crível com alguns dos personagens mais memoráveis e trágicos da TV, nos convida a pensar sobre os temas retratados e nos faz sentir cada morte... E não para por aqui... A contação de história é paciente, mundana, raramente com truques, incremental, prazerosa e equilibrada entre as partes da lei e do crime. Ou seja, existe pouco interesse em julgar seja lá quem for. Mas os limites entre os `bons` e os `maus` (e mesmo as suas qualificações) são desafiados constantemente.
Caramba, a série tem até pedigree e é declaradamente complexa, será que vou achar chata e desistir?
Recomendamos que um novo espectador reserve tempo para ver os seis primeiros episódios de uma tacada só (ou próximo disso), o grande número de personagens, diversas frentes narrativas e a aparente falta de estrutura da trama trazem algum confusão aos não iniciados (dependendo de cada caso) até o episódio seis.
Ela é difícil de acompanhar?
A série não exagera na explicação de termos técnicos investigativos (muito pelo contrário) mas faz uso das diferenças entre os personagens para esmiuçar as partes cruciais envolvendo as escutas. E apesar de operar pela lógica do romance que a qualquer hora pode ser relido, no seu colo, em qualquer ponto, não tem uma montagem tão enxuta a ponto de tornar desafiador o seu entendimento. De todo modo demanda a atenção plena do espectador... Numa nota curiosa, a direção e a montagem parecem chamar menos a atenção para si do que em Homicide.
É uma série muito séria (SIC!) ou tem também humor?
Ela extrai humor das situações mais mundanas. Vários homens de ambos os lados forçando um móvel pesado pela porta de uma sala sem antes decidir se era para tirar ou colocar o móvel no cômodo em questão, por exemplo... Humor humano (SIC!) e cotidiano do tipo que experimentamos diariamente em nossos trabalhos.
Existe alguma mensagem perene na obra?
Em algum canto de cada episódio sempre retorna de alguma forma o mantra de que o 'sistema não funciona'. Vemos isso bastante na primeira temporada em diversos pontos como: (i) no andar de baixo, na destruição (em suas diversas facetas e níveis) dos viciados e dos seus familiares pela dependência química (onde observamos diversas entradas e saídas de reabilitações, algumas verdadeiras, várias falsas e todas reveladoras) (vemos ainda reuniões de grupos de apoio, com alguma esperança salpicada mas afogada na apatia e na desesperança) (ii) no time de traficantes, que sem saber sobrevoam pouco acima do primeiro grupo no grande esquema das coisas e onde abundam entradas e saídas do sistema reformatório/carcerário (enlouquecendo os policiais que os prendem seguidamente para vê-los soltos logo depois) (iii) no andar de cima, envolvendo políticos (no caso promotores e juízes tem cargos eletivos) que tentam ignorar (ou se desvencilhar) do fato de que partes das suas doações vem desse mesmo tráfico.
Os atores são bons?
O elenco é uma vitória pela correção demográfica local (de maioria negra) e pela sua naturalidade (apostando em atores pouco conhecidos ou mesmo não atores da cena local, inclusive alguns criminosos). Diversos desses atores ficaram famosos nesses últimos anos, tais como: Wendell Pierce , Sonja Sohn , Lance Reddick , Clarke Peters , Idris Elba , Michael B Jordan , Michael Kenneth Williams etc. Uma curiosidade: o personagem James McNulty (vivido pelo ator Dominic West) pode parecer em um primeiro momento o protagonista da atração, mas não se enganem. O protagonista de fato é a cidade de Baltimore e a série é o estudo desse personagem.
Como é a história da primeira temporada?
Uma testemunha muda sua história em pleno julgamento e um réu por homicídio sai em liberdade. O detetive (de homicídios) McNulty (que estava na sessão) explica ao furioso juiz do caso (seu velho conhecido) que o réu é sobrinho do novo chefão local de drogas (chefão TOTALMENTE desconhecido para todo o sistema: policial e além!) e que o braço direito de tal chefão estava (também na sessão da corte) a vista de todos e manipulando as testemunhas. O juiz fica intrigado e cobra providências da polícia que responde montando uma força tarefa baseada na divisão de narcóticos.O que se vê na sequência é uma força tarefa sem recursos (e não desejada pelo próprio departamento de polícia) tentar se estabelecer. Passo a passo, brigando por cada peça de equipamento e cada mandado de interceptação telefônica, a força tarefa consegue enfim ferir de morte a organização e prender o seu chefe mas não nos melhores termos desejados (devido a mais uma mudança de testemunho, agora prévia e do próprio sobrinho, que termina ironicamente por cumprir uma sentença muito maior do que a média dos demais implicados e maior do que a do seu tio), dando um ar deveras agridoce ao final.
Cabe enfatizar que a Narcóticos queria (no fundo) prisões e apreensões de drogas e armas para colocar no noticiário. Todos os chefes (que são cargos eletivos e largamente políticos) tinham medo das escutas e do que elas poderiam trazer. Se você segue as drogas, você acaba encontrando drogas, se você segue o dinheiro, você não sabe o que vai ser encontrado. Daí todo problema com a força tarefa em primeiro lugar.
(outras temporadas tratam de outros temas e instituições e carregam o núcleo fixo de personagens interagindo com o núcleo variável da vez.)
Mas, Castanheira, que História de Revolução é essa?
Essa, amigo, é uma outra história.
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TEMPORADA 02
01 Ebb Tide [**1/2]
02 Collateral Damage [***]
03 Hot Shots [***]
04 Hard Cases [***]
05 Undertow [***]
06 All Prologue [***1/2]
07 Backwash [***]
08 Duck and Cover [***1/2]
09 Stray Hounds [***1/2]
10 Storm Warnings [****]
11 Bad Dreams [****]
12 Port in a Storm [****]
Assisti a primeira temporada e gostei muito. Mas me disseram que na segunda o foco nos Barksdales é reduzido, favorecendo os novos personagens do porto. O que gera frustração no espectador com isso e na demora no estabelecimento da investigação (e mesmo no caso a ser investigado em si). Parece muita desestruturação para uma segunda temporada. Vale a pena continuar assistindo?
Obviamente que vale. Combinando a sua atitude incremental de narrativa e o espalhamento dos personagens (após "Sentencing"), algum reconstrução era obviamente necessária. E aqui respondo usando spoilers...
Observe o aproveitamento do novo posto de McNulty (no porto) para disparar parte da nova trama e o reconhecimento da mesma de que: a organização Barksdale foi de fato ferida mortalmente pela Escuta na temporada passada - mas a Escuta foi dissolvida por se aproximar dos interesses do topo da cadeia de comando (da lei e da ordem) que depende de votos na América.
Mesmo o ponto de que o chamado de Valchek (a chefia) por Daniels para ferir Sobotka é artificial se torna discutível, pois isso só ocorre de fato após ele saber (via o genro) das injustiças cometidas contra a Escuta e por quais motivos hipócritas.
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TEMPORADA 03
01 Time After Time [***]
02 All Due Respect [***]
03 Dead Soldiers [***1/2]
04 Amsterdam [***1/2]
05 Straight and True [***1/2]
06 Homecoming [***1/2]
07 Back Burners [***1/2]
08 Moral Midgetry [****]
09 Slapstick [***1/2]
10 Reformation [***1/2]
11 Middle Ground [****]
12 Mission Accomplished [****]
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TEMPORADA 04
01 Boys of Summer [***]
02 Soft Eyes [***1/2]
03 Home Rooms [***1/2]
04 Refugees [***]
05 Alliances [***1/2]
06 Margin of Error [***1/2]
07 Unto Others [***1/2]
08 Corner Boys [***1/2]
09 Know Your Place [***1/2]
10 Misgivings [***1/2]
11 A New Day [****]
12 That's Got His Own [****]
13 Final Grades [****]
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TEMPORADA 05
01 More with Less [***]
02 Unconfirmed Reports [***]
03 Not for Attribution [***]
04 Transitions [***1/2]
05 React Quotes [***]
06 The Dickensian Aspect [***]
07 Took [***1/2]
08 Clarifications [***1/2]
09 Late Editions [****]
10 -30- [****]
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