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OS TRÊS AMIGOS:
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OS ÁLBUNS:
1977 - Motorhead [***]
1979A - Overkill [****]
1979B - Bomber [****]
1980 - Ace Of Spades [****]
1981 - No Sleep 'til Hammersmith LIVE [****]
1982 - Iron Fist [***]
1983 - Another Perfect Day [***1/2]
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OS CRÉDITOS:
- Lemmy Kilmister / vocais e baixo
- Eddie Clarke / guitarra [01-06]
- Phil Taylor / bateria
- Brian Robertson / guitarra [07]
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COMENTÁRIOS:
Período clássico que não só definiu a banda inglesa como praticamente inventou um gênero próprio. Os anos de 1977 a 1983 foram uma montanha-russa de caos, rock 'n' roll puro e sucesso.
Este período é abençoado pela formação dos "Três amigos":
Lemmy Kilmister (baixo e vocais) - Coração, alma e uma voz gutural toda particular.
"Fast" Eddie Clarke (guitarra) - O feeling de blues e o braço "rápido".
Phil "Philthy Animal" Taylor (bateria) - A força destrutiva e tribal por trás do kit.
Linha do Tempo e Marcos Principais (1977-1983):
1977 Lançamento do álbum de estreia homônimo, Motörhead... Gravado em 1976 (como On Parole) e com uma formação diferente (Larry Wallis na guitarra e Lucas Fox na bateria), foi considerado "inaudível" pela gravadora, que se recusou a lançá-lo (até oportunisticamente fazê-lo em 1979 com o sucesso de Overkill/Bomber). Lemmy, Eddie e Phil regravaram quase todas as faixas do original e salvaram um disco de estreia dali. Já se anunciava o que estava por vir.
1979 O ponto de virada da banda... Lançamento de Overkill (março) e de Bomber (outubro). Esses dois álbuns são a fundação do legado do grupo. Overkill introduziu o histórico trabalho de dois bumbos de Phil (na faixa título), algo extremamente influente para o que viria a ser o speed e o thrash metal (ao lado de nomes contemporâneos da bateria pesada como Cozy Powell do Rainbow e Les Binks do Judas Priest).
1980 O seu ápice comercial e crítico... Lançamento de Ace of Spades (novembro). O álbum é uma obra-prima do rock pesado em alta velocidade. A faixa título se tornou o hino indiscutível da banda e um dos riffs de baixo mais reconhecíveis do planeta.
1981 O auge ao vivo... Lançamento do lendário álbum No Sleep 'til Hammersmith (junho). Captura perfeitamente a energia crua e avassaladora do Motörhead nos palcos. Alcançou um grande sucesso, provando que a sua música, apesar de incrivelmente barulhenta e agressiva, tinha um inegável apelo massivo... A melhor introdução possível ao som da banda (com as versões das suas canções ao vivo superando com sobras as suas contrapartes de estúdio).
1982 Mudanças e tensões... Lançamento de Iron Fist (abril). Embora um álbum sólido, muitos fãs e a própria banda sentiram que não havia atingido o brilho de seus antecessores (boas canções com uma produção claudicante parece ser o consenso). As tensões internas, especialmente entre Eddie Clarke e os outros dois músicos, estavam no auge. Eddie deixa a banda durante a turnê de Iron Fist (não havia sido a primeira "saída" do guitarrista mas foi então a definitiva).
1983 O fim de uma era... Com Brian "Robbo" Robertson (vindo do Thin Lizzy) na guitarra agora, a banda lança Another Perfect Day. Um álbum divisivo, com um som mais melódico e complexo devido ao estilo mais limpo de Robbo. Musicalmente interessante, mas não soava como o Motörhead clássico para muitos (NOTA: Esta Castanha o considera um álbum diverso e historicamente injustiçado). PhilTaylor deixa a banda pouco depois, encerrando oficialmente a era de ouro (com Lemmy sozinho tendo que reformar a banda a partir do zero).
Características Sonoras e Musicais do Período Citado:
O som do Motörhead clássico é uma criatura única, um híbrido de três estilos:
1. Velocidade do Punk Rock: A atitude e a energia crua e acelerada vinham diretamente da cena punk. Eles eram mais rápidos que quase qualquer banda de rock pesado da época.
2. Peso do Heavy Metal: O volume, a distorção e a atitude "somos mais pesados do que todos" influenciariam diretamente a nova onda do metal britânico (NWOBHM) e, depois, o speed e o thrash metal.
3. Alma do Rock 'n' Roll Clássico: No fundo, Lemmy sempre insistiu que o Motörhead era uma banda de rock 'n' roll (apesar disso ser uma afirmação pouco intuitiva para alguns). Mas a sensibilidade blues de Eddie Clarke e as estruturas simples e diretas das músicas comprovam isso paradoxalmente.
A trinca de músicos era perfeita para a proposta da banda:
Lemmy tocava o seu baixo RickenBaker como uma guitarra base, usando cordas especiais e grande distorção (que potencializavam o timbre natural característico e agressivo de tal instrumento), criando uma parede de médios que era o alicerce do som da banda (uma das sonoridades mais instantaneamente reconhecíveis de todo o rock pesado em todos os tempos)... Sua voz também era prontamente identificável (virtualmente inconfundível!), muito agressiva mas (curiosamente) com uma atitude geral um tanto relaxada e até bastante compreensível liricamente.
Eddie era o contraponto perfeito para esse líder carismático: Seus solos eram cheios de feeling, blues e melodia, evitando o excesso de técnica pela técnica (não que fosse algum virtuoso do instrumento apesar do apelido "Fast").
Phil era um furacão (ou seria um "animal"?). Sua bateria era barulhenta, caótica e incrivelmente poderosa, muitas vezes usando dois bumbos, sendo um dos pioneiros do seu consistente uso no rock pesado. Um herói do estilo por vezes injustamente esquecido historicamente.
Legado e Influência:
A importância do Motörhead neste período (especialmente) é impossível de exagerar.:
Ponte entre o Punk e o Metal: Eles eram a única banda aceita e respeitada pelas duas tribos igualmente. Metallica, Slayer, Anthrax e Megadeth entre outros (e virtualmente todos os fãs de thrash metal) citam o Motörhead como uma influência fundamental.
NWOBHM: Eram a referência (ao lado do Judas Priest) para tal movimento. Mais velhos, mais experientes e mais *rock 'n' roll* que todos, eles de fato pavimentaram o caminho para bandas como Iron Maiden e Saxon.
ATITUDE: A filosofia do Motörhead era "não se importar com o que os outros pensam". Eles eram eles mesmos, 100% do tempo. A imagem de couro, ferro e suor tornou-se icônica. Viraram sinônimo de naturalidade e de autenticidade na cena metal... E como eles gostavam de estar na estrada em turnê.
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Descansem em Luz, irmãos. E obrigado por tudo:
Ian Fraser Kilmister (24/12/1945 – 28/12/2015)
Edward Allan Clarke (5/10/1950 – 10/01/2018)
Philip John Taylor (21/09/1954 – 12/09/2015)
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