quarta-feira, 10 de agosto de 2011

RUSH (1974-2012)

----------

(1974) Rush [**]
(1975) Fly By Night [***]
(1975) Caress Of Steel [***]
(1976) 2112 [****]
(1976) All The World's A Stage - LIVE 76 [****]

(1977) A Farewell To Kings [****]
(1978) Hemispheres [****]
(1980) Permanent Waves [****]
(1981) Moving Pictures [****]
(1981) Exit... Stage Left - LIVE 80+81 [****]

(1982) Signals [***1/2]
(1984) Grace Under Pressure [**1/2]
(1985) Power Windows [**1/2]
(1987) Hold Your Fire [**]
(1989) A Show Of Hands - LIVE 86+88 [***]

(1989) Presto [**]
(1991) Roll The Bones [**]
(1993) Counterparts [***]
(1996) Test For Echo [**]
(1998) Different Stages - LIVE 78+94+97 [****]

(2002) Vapor Trails [**1/2]
(2007) Snakes & Arrows [***]
(2012) Clockwork Angels [****]

---
 
Voz, Baixo e Teclado: Geddy Lee.
Guitarra: Alex Lifeson.
Bateria: Neil Peart (02 Fly By Night - 23 Clockwork Angels) , John Rutsey (01 Rush).

-
 
Claro! Vamos explorar a era de ouro inicial do Rush, um período de evolução artística vertiginosa que os transformou de mais uma banda de hard rock em um dos grupos mais progressivos, técnicos e admirados do mundo. A presença do produtor Terry Brown foi, sem dúvida, o catalisador que permitiu que essa transformação acontecesse.

### **O "Quarto Membro": Terry Brown ("Broon")**

Antes de mergulharmos nos álbuns, é crucial entender o papel de **Terry Brown**. Produtor e engenheiro de som, Brown foi muito mais do que um simples técnico. Ele foi:
*   **Um Arranjador:** Contribuía com ideias para estruturas de músicas, harmonias vocais e camadas de instrumentos.
*   **Um Mentor Musical:** Introduziu a banda a artistas progressivos como Yes e Genesis, expandindo seus horizontes musicais.
*   **Um "Ouvido" Crítico:** Funcionava como um filtro objetivo para as complexas ideias do trio, ajudando a moldá-las em composições coesas.
*   **Um Criador de Atmosferas:** Sua expertise em engenharia de som foi fundamental para criar a sonoridade clássica do Rush desse período – limpa, poderosa e cheia de texturas.

A assinatura "Produced by Rush and Terry Brown" era uma admissão tácita de sua importância vital para o som da banda. Sua saída em 1982 marcou o fim de uma era definitiva.

---

### **Análise Álbum a Álbum (1974-1982)**

#### **1. Rush (1974)**
*   **Contexto:** Álbum de estreia, ainda com John Rutsey na bateria. Financeiramente, um fracasso inicial.
*   **Som:** Hard rock cru, pesado e bluesy, muito influenciado por Led Zeppelin. A voz de Geddy Lee é extremamente aguda e gritada.
*   **Destaques:** "Working Man" se tornou um hino não intencional da classe trabalhadora e, crucialmente, chamou a atenção de rádios de Cleveland, que impulsionaram a carreira da banda. "Finding My Way" é uma abertura energética.
*   **Comentário:** Um álbum sólido para sua época, mas que não hintava a grandiosidade que estava por vir. A banda ainda não havia encontrado sua voz única. Terry Brown não estava envolvido (o produtor foi David Stock).

#### **2. Fly by Night (1975)**
*   **Contexto:** A grande virada. Neil Peart substitui Rutsey, trazendo consigo uma técnica percussiva revolucionária e, mais importante, as letras. O foco muda de "rock and roll" para conceitos filosóficos e literários.
*   **Som:** Ainda enraizado no hard rock, mas com ambições maiores. As músicas são mais longas e complexas.
*   **Destaques:** A épica "By-Tor & the Snow Dog" é a primeira incursão na música narrativa e prog. "Anthem" (inspirada em Ayn Rand) e a cativante "Fly by Night" definem o novo caminho.
*   **Comentário:** O álbum de estreia do *verdadeiro* Rush. A química do power trio com Peart é instantânea. Terry Brown assume a produção e imediatamente impõe um padrão de clareza sonora.

#### **3. Caress of Steel (1975)**
*   **Contexto:** O "álbum arrogante". A banda, encorajada pela liberdade artística, mergulhou de cabeça no prog, criando duas longas suites.
*   **Som:** Experimental, sombrio e desafiador. Um disco de transição que confundiu fãs e a gravadora.
*   **Destaques:** "The Fountain of Lamneth" (uma suite de 20 minutos sobre a vida) e "The Necromancer" (fantasia épica em três partes) são ambiciosas, mas talvez não totalmente realizadas. "Lakeside Park" é um respiro mais acessível.
*   **Comentário:** Um fracasso comercial que quase lhes custou a carreira, mas um passo *necessário*. Eles aprenderam a equilibrar ambição e coesão. Brown os apoiou incondicionalmente nesta empreitada arriscada.

#### **4. 2112 (1976)**
*   **Contexto:** O "all-or-nothing". A gravadora deu-lhes uma última chance. A resposta foi uma obra-prima que definiu sua carreira.
*   **Som:** A fusão perfeita do poder do hard rock com a complexidade do rock progressivo. Monumental, dramático e incrivelmente bem executado.
*   **Destaques:** A suite-título "2112" (20 minutos) é uma narrativa distópica anti-autoritária inspirada em Ayn Rand, tornando-se a pedra angular de seu catálogo. O Lado B tem pérolas como "A Passage to Bangkok" e "The Twilight Zone".
*   **Comentário:** Não foi apenas um sucesso; foi uma declaração de princípios. Salvou a banda e conquistou uma legião de fãs devotos. A produção de Brown é impecável, dando a cada instrumento seu espaço no vasto panorama sonoro.

#### **5. A Farewell to Kings (1977)**
*   **Contexto:** Com a liberdade conquistada, o Rush refinou sua fórmula, incorporando novos instrumentos e texturas.
*   **Som:** Mais atmosférico e melódico. Introdução prominente de sintetizadores (Minimoog), guitarra acústica de 12 cordas e até mesmo um pouco de sintetizador bass pedals (pedais de baixo sintetizado).
*   **Destaques:** "Xanadu" (uma jornada de 11 minutos baseada no poema *Kubla Khan*) é uma masterclass em dinâmica e virtuosismo. "Closer to the Heart" mostrou que eles podiam escrever hits prog. "Cygnus X-1" inicia uma saga que continuaria no próximo álbum.
*   **Comentário:** A maturação do som. Brown é essencial aqui, integrando os novos elementos de forma orgânica, sem perder o peso do power trio.

#### **6. Hemispheres (1978)**
*   **Contexto:** O ápice da complexidade progressiva do Rush. Um álbum desafiador, até mesmo para eles.
*   **Som:** Denso, técnico, complexo e exaustivo. A produção de Brown atinge seu pico de clareza, permitindo que cada nota intricada seja ouvida.
*   **Destaques:** A suite-título "Hemispheres" (18 min) é uma conclusão filosófica e musicalmente intensa para "Cygnus X-1". "La Villa Strangiato" é uma "exercício de auto-indulgência" instrumental de 9 minutos que se tornou uma das músicas mais técnicas já gravadas no rock.
*   **Comentário:** Um marco técnico, mas também o fim de uma linha. A banda percebeu que não podia levar esse estilo ao extremo sem se repetir. Foi o último álbum totalmente "épico".

#### **7. Permanent Waves (1980)**
*   **Contexto:** A grande transição. O Rush abraça a concisão e a nova onda do rock sem abandonar sua essência progressiva.
*   **Som:** Mais enxuto, direto e focado em canções. Os sintetizadores tornam-se mais integrais à composição, não apenas para efeitos.
*   **Destaques:** "The Spirit of Radio" (um hino à pureza do rádio) é uma das maiores aberturas de todos os tempos, perfeita em sua fusão de energia new wave e mudanças de tempo prog. "Freewill" é outro clássico instantâneo. "Natural Science" (9 min) prova que eles ainda podiam fazer epics, mas mais condensadas.
*   **Comentário:** Um álbum revolucionário. Mostrou que era possível ser progressivo, inteligente e acessível. A produção de Brown é moderna e radiofônica, perfeita para a nova direção.

#### **8. Moving Pictures (1981)**
*   **Contexto:** A obra-prima absoluta. O equilíbrio perfeito entre o prog do passado e o novo wave do presente. Sucesso de crítica e público.
*   **Som:** Imediato, poderoso e icônico. Cada música é um single em potencial disfarçado de complexidade musical.
*   **Destaques:** "Tom Sawyer" (a música definitiva do Rush), "YYZ" (a *outra* música instrumental definitiva), "Limelight" (uma reflexão profunda sobre a fama), "Red Barchetta" (uma narrativa cinematográfica). Um lado A perfeito e impecável.
*   **Comentário:** O pináculo da carreira da banda e o auge da colaboração com Terry Brown. A produção é tão cristalina e poderosa que se tornou uma referência para engenheiros de som até hoje. Um álbum sem uma nota fora do lugar.

#### **9. Exit... Stage Left (Álbum Ao Vivo - 1981)**
*   **Contexto:** Documenta o auge da turnê *Moving Pictures* e *Permanent Waves*.
*   **Som:** Considerado por muitos como um dos melhores álbuns ao vivo de todos os tempos. A performance é impecável, quase de estúdio, mas com a energia da multidão.
*   **Destaques:** Versões definitivas de "Xanadu", "The Spirit of Radio", "Jacobs Ladder" e uma transição sublime entre "YYZ" e "Hemispheres: Prelude".
*   **Comentário:** A celebração de uma era. É o testamento do poder ao vivo do trio e do catálogo incrível que construíram com Brown até aquele ponto.

#### **10. Signals (1982)**
*   **Contexto:** O fim da era Terry Brown. Uma mudança sísmica no som, colocando os sintetizadores de Geddy Lee em posição de destaque, muitas vezes à frente da guitarra de Alex Lifeson.
*   **Som:** Atmosférico, orientado por teclados e influenciado pelo new wave, reggae e world music. Um choque para muitos fãs.
*   **Destaques:** "Subdivisions" (um hino adolescente sobre alienação suburbana) é um clássico instantâneo. "The Analog Kid" e "Digital Man" continuam a explorar o tema da tecnologia vs. humanidade.
*   **Comentário:** Um álbum brilhante, mas que marca um ponto de divisão. A banda sentiu a necessidade de evoluir além da zona de conforto que haviam criado com Brown. Após este disco, a parceria de 10 anos chegou ao fim, encerrando a primeira e mais definidora era do Rush.

### **Conclusão**

O período de 1974 a 1982 foi uma jornada incomparável de evolução musical: do hard rock básico ao ápice do rock progressivo e, finalmente, para uma forma única e concisa de art rock. **Terry Brown** foi o arquiteto sonoro fundamental dessa jornada. Sua capacidade de capturar a técnica bru tal do trio enquanto expandia seu universo musical com novas ideias e texturas foi inestimável. Ele foi, em todos os sentidos criativos, o quarto membro que ajudou a forjar a identidade do Rush clássico, tornando seus álbuns não apenas coleções de músicas, mas experiências sonoras imersivas e atemporais.
 
----------

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

SUPERMAN (1996-2000)

Superman: The Animated Series (1996-2000)

A mencionada série animada do homem de aço traz um herói bastante vulnerável (em diversos sentidos) em meio a uma vibrante sucessão de desafios compatíveis. A animação é geralmente de boa qualidade e a trilha sonora é ainda melhor, conseguindo, muitas vezes, apresentar uma interessante experiência puramente cinemática para a sua jovem audiência-alvo. Sob um ponto de vista adulto, muitas das histórias soam um pouco reducionistas, ou mesmo repetitivas, algo que, de uma maneira geral, não compromete a prometida fluidez de ação e aventura, segmento a segmento, ainda que a série contenha sim elementos mais adultos diluidos e em concordância com o seu personagem titular. Salientamos ainda que algo que torna o programa bem palatável aos já crescidos é a caracterização mais confiante e segura de Clark Kent.

Um grande destaque da série (e das suas séries irmãs) é o elenco de vozes. Tim Daly (como Superman e os seus alteregos), Dana Delany (como Lois Lane), um brutal Michael Ironside (como Darkseid) e um (apropriadamente) artificial e alienígena Corey Burton (como Brainiac) são os destaques secundários a insuperável participação de Clancy Brown (como Lex Luthor). O seu elenco de vozes é ultimamente um valor de produção crucial para a atração, arredondando e dignificando situações não tão bem resolvidas pelos roteiros dos seus 54 episódios (de meia hora).

A série traz todos os clássicos personagens da vida pessoal de Clark Kent, tanto aqueles referentes a Smallville, quanto aqueles associados a Metropolis. Traz Lex Luthor como o mais presente antagonista da série e diversos convidados clássicos (tanto aliados quanto adversários) da história do Superman: Batman, Flash, Green Lantern (Kyle Ryner), Aquaman, Doctor Fate, Steel, Supergirl, Legion of Super-Heroes, Brainiac, Parasite, Bizarro, Metallo, Mr. Mxyzptlk, Lobo e Darkseid (o definitivo vilão do programa). Cada um deles apresentando alguma diferença em relação a sua respectiva versão dos quadrinhos, sempre privilegiando uma apresentação global, sem costuras. De fato, é difícil conceber uma mais completa e fiél apresentação do Superman enquanto personagem solo e sem maiores ambições vanguardistas.

A maioria dos episódios (exceto os múltiplos) é de tipo isolado, no máximo se limitando a, por exemplo, a fazer referência a alguma aparição anterior de um determinado convidado. O mais discernível arco de história é aquele que se refere ao acumulado dos episódios que tratam dos personagens do Quarto Mundo de Jack Kirby (Darkseid e cia.), o qual culmina no fantástico episódio duplo que encerra a série. Legacy é apropriadamente sombrio, onde concluimos com Kal-El como um pária para a humanidade, podendo contar apenas com Lois, Kara e os seus pais adotivos, apenas com a sua família imediata. Sua vitória sobre Darkseid é incrivelmente amarga e com um assustador subtexto para selar toda a questão. É particularmente comovente a entrevista do Professor Hamilton dizendo que talvez não pudesse mais ser seu amigo (quando já havia se tornado óbvio que isto era mesmo impossível). Algo que teria fantásticas implicações, alguns anos depois, no mesmo universo ficcional...

Superman: The Animated Series (1996-2000)

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

VOCALISTAS PESADOS

----------

EM ORDEM CRONOLÓGICA APROXIMADA...
 
01 Robert Plant
02 Paul Rodgers
03 Ian Gillan
04 David Byron
05 Glenn Hughes
06 Ronnie James Dio
07 Freddie Mercury
08 David Coverdale
09 Rob Halford
10 Ann Wilson
11 Steve Perry
12 Bruce Dickinson
13 Eric Adams
14 Geoff Tate
15 Michael Kiske
16 Chris Cornell
17 Mike Patton
18 Phil Anselmo
19 Devin Townsend
 20 Russell Allen
 
----------

ALGUNS OUTROS NOMES CLÁSSICOS (20): Ozzy Osbourne , Phil Mogg , Martin Turner & Andy Powell & Ted Turner , Lemmy Kilmister , Phil Lynott , Klaus Meine , Geddy Lee , Steve Walsh & Robby Steinhardt , Peter Frampton & Steve Marriott , Bon Scott , Biff Byford , Udo Dirkschneider , Gary Barden , King Diamond , Jon Oliva , James Hetfield , Eric Wagner , Chuck Schuldiner , Kai Hansen , Ray Alder.

----------

E AINDA ALGUNS OUTROS NOMES (20): Jeff Scott Soto , Hansi Kürsch , Zachary 'Zak' Stevens , Timo Kotipelto , Tim 'Ripper' Owens , Steven Wilson , Mikael Åkerfeldt , Miljenko Matijevic , Roy Khan , Midnight , Ralf Scheepers , Matt Barlow ,  Daniel Gildenlöw , Maynard James Keenan , Layne Staley & Jerry Cantrell , Serj Tankian , Jørn Lande ... GUYS FROM BRAZIL [Andre Matos , Edu Falaschi , Fabio Lione ... Nando Fernandes e Alírio Netto]  ...  John Bush ... Angela Gossow.
 
 ----------

Confiram também a nossa lista de vocalistas: aqui

----------



quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

CHRISTOPHER NOLAN (1998-)

----------

 
(1998) Following [**]

(2000) Memento [****]
GF1000
 
(2002) Insomnia [**]

(2005) Batman Begins [**]

(2006) The Prestige [***]
GF2500

(2008) The Dark Knight [****]
GF1000

(2010) Inception [***1/2] 
GF1500

(2012) The Dark Knight Rises [**] 
 
(2014) InterStellar [***] GF1500
 
(2017) DunKirk [**1/2] GF3000
 
(2020) Tenet [SEM ESTRELA]
 
(2023) OppenHeimer [**1/2]

----------

PAUL THOMAS ANDERSON (1996-)

----------
 
 
(1996) Hard Eight [***]  GF4000

(1997) Boggie Nights [****] GF1000

(1999) Magnolia [****]
GF1000
 
(2002) Punch-Drunk Love [****]
GF1000

(2007) There Will Be Blood [****]
GF1000

(2012) The Master [****] GF1000

(2014) Inherent Vice [***1/2] GF2000

(2017) Phantom Thread [****] GF1000

(2019) Licorice Pizza [***] GF3500

----------

QUENTIN TARANTINO (1992-)

----------

 
(1992) Reservoir Dogs [****] GF1000

(1994) Pulp Fiction [****]
GF1000
 
(1997) Jackie Brown [***]
GF1500

(2003) Kill Bill I [****]
GF1000

(2004) Kill Bill II [***] GF2000

(2007) Death Proof [***]
GF2000

(2009) Inglourious Basterds [****]
GF1000
 
(2012) Django Unchained [***] GF3000
 
(2015) The Hateful Eight [**1/2] GF4000
 
(2019) Once Upon a Time in Hollywood [****] GF1000
 
----------

sábado, 22 de maio de 2010

RESERVOIR DOGS (1992)

----------
 

"Reservoir Dogs" (1992) [98'] [2.35:1] [****]

Reservoir Dogs foi o primeiro filme do diretor Quentin Tarantino e nele encontramos o mais cru registro de algumas das principais características da sua obra até aqui, tais como: narrativa não-linear, diálogos inspirados e que chamam demais a atenção para si devido a sua usual desconexão com a trama, costumeiro uso de canções preexistentes na trilha e a presença de extrema violência. Cabendo notar, entretanto, que tais características (incluindo a violência!) produzem geralmente um efeito líquido cômico, leve e superficial. O resultado aqui é vastamente positivo, repleto de energia e empolgação, continuamente reavivando o interesse da audiência e tendo na crescente ironia o seu principal trunfo dramático.

A narrativa trata do que acontece imediatamente antes e imediatamente depois de um malsucedido assalto, mas não o crime em si. Tal omissão, aliada a não linearidade subjacente, ataca a passividade do espectador, forçando-o a montar um quadro mental próprio do ocorrido, algo que também garante uma certa identificação com os bandidos, que recapitulam os acontecimentos ao seu modo, procurando entender os motivos do seu fracasso e o que fazer a respeito. A maior parte do longa ocorre então em uma armazém vazio e imundo que serve de ponto de encontro para os quatro assaltantes sobreviventes após o fato, conhecidos entre si somente pelos codinomes: White (Harvey Keitel), Orange (Tim Roth), Pink (Steve Buscemi) e Blonde (Michael Madsen). A suspeita da existência de um policial infiltrado no bando serve como natural plataforma ao lançamento de diversos flashbacks, que surgem sem aviso e explicam as circunstâncias da contratação de cada um para o serviço. Curiosamente, tais flashes não parecem se concentrar no desenvolvimento dos personagens, mais interessados em referenciar o gênero crime (não necessariamente a filmes específicos) e veicular os elaborados diálogos do realizador (emblematicamente, o policial infiltrado que de fato existe faz a sua preparação para a missão decorando uma espécie de roteiro).

A escolha dos quatro principais atores é essencialmente perfeita e eles não decepcionam em execução: Keitel como o consagrado veterano que naturalmente comanda o respeito dos mais jovens, o britânico Roth que tenta pertencer a um grupo ao qual de fato não pertence, o “óbvio” maluco Buscemi que ironicamente emerge como o mais centrado (e virtual único sobrevivente) de todo o bando e o boa praça Madsen que surpreende a todos como um sádico psicopata (sendo fascinante o quanto simplesmente demoramos para aceitá-lo como tal). A câmera de Tarantino se move livremente no amplo cenário do armazém, tornando o filme visualmente interessante, alternando entre uma abordagem “mais intensa”, de cortes frequentes, câmera na mão e planos fechados e uma outra, “menos intensa”, de cortes mais espaçados, movimentos mais rígidos de câmera e enquadramentos mais abertos. Particularmente belos são o plano em que a câmera recua lentamente para introduzir o personagem de Madsen e o plano final fechado na desolada face de Keitel em meio a “ensurdecedora” chegada dos policiais. 

Reservoir Dogs foi a empolgante introdução ao mundo de um cineasta americano que abraça gêneros apaixonadamente, não por necessariamente ter uma história a contar dentro de algum deles, mas simplesmente para festejá-los. Nascia então uma distinta “voz”, um realizador vibrante e entusiasmado, aparentemente não disposto a abrir mão de suas convicções. Algo bem resumido simbolicamente na autodestruição final do bando, em meio a climática ironia do veterano bandido que coloca a sua lealdade ao informante acima dos demais. Uma atitude sem compromissos de um diretor que veio para ficar.

----------

sábado, 10 de janeiro de 2009

BATERISTAS

------------

EM ORDEM CRONOLÓGICA APROXIMADA...

01 Billy Cobham
02 Ian Paice
03 John Bonham
04 Bill Bruford
05 Carl Palmer
06 Barriemore Barlow
07 Phil Collins
08 Narada Michael Walden
09 Neil Peart
10 Terry Bozzio
11 Rod Morgenstein
12 Simon Phillips
13 Stewart Copeland
14 Steve Smith
15 Vinnie Colaiuta
16 Dennis Chambers
17 Dave Weckl
18 Danny Carey
19 Virgil Donati
20 Gavin Harrison


OUTROS NOMES (37): Tony Williams , Steve Gadd ... Michael Giles , Andy McCulloch , Ian Wallace  , Clive Bunker ... Aynsley Dunbar , Ralph Humphrey , Chester Thompson , Chad Wackerman ... Airto Moreira , Lenny White , Michael Shrieve ... Alphonse Mouzon , Eric Gravatt , Ishmael Wilburn , Alex Acuña , Peter Erskine , Omar Hakim ... Leon "Ndugu" Chancler , Norman Fearrington , Mark Craney , Casey Scheuerell , Ray Griffin ...  Jon Hiseman ... Kirk Covington ... Gary Husband ... Gary Novak ... Mike Clark , Harvey Mason ... Manu Katché ...  Gregg Bissonette ... Thomas Lang , Marco Minnemann , Mike Mangini , Antonio Sanchez , Benny Greb ...
 
------------

Para a nossa lista de bateristas favoritos de rock pesado, confiram aqui.

------------







segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

THE MAN FROM EARTH (2007)

 --------------
 
THE MAN FROM EARTH (2007)

Numa daquelas grandes e curiosas coincidências, recentemente assisti em seqüência aos seguintes segmentos de ficção científica (algo que me inspirou a escrever a presente nota):

i) O especial de natal 2007 da série Doctor Who 2005: Voyage Of The Damned (2007)

ii) O filme para DVD da série Stargate SG1: The Ark Of Truth (2008)

iii) O filme INDEPENDENTE: The Man From Earth (2007)

Devo confessar que os dois primeiros itens me deixaram deveras decepcionado, procurando ocultar com efeitos visuais e tediosas cenas de ação as suas deficiências narrativas e respectivas fracas histórias. Com certeza o item i foi um grande sucesso com (literalmente) metade da Inglaterra ligada em sua primeira exibição e o item ii deve vender bem quando do seu lançamento em março (de 2008) próximo. Felizmente a surpresa do item iii fez toda a experiência fazer sentido e valer a pena em retrospecto.

Recebi o torrone de The Man From Earth de um padeiro amigo meu, após selecioná-lo sem muito pensar de um cardápio SCIFI que trazia em sua capa simplesmente a enigmática sigla IMDB. Após assistí-lo sem muita expectativa (mas com alguma curiosidade), fiquei maravilhado com a história e principalmente com os sentimentos por ela evocados. A familiaridade com dois favoritos atores de Jornada Nas Estrelas presentes na produção (e a citação explícita ao programa quase ao final do filme) foi só o começo (ao menos para mim) do romantismo que envolvia aquilo tudo. A primeira real descoberta foi saber que o texto era de autoria de Jerome Bixby, e terminou de ser escrito (a partir de uma antiga idéia própria dos distantes anos 1960) literalmente as portas da sua morte em abril de 1998 (aos 75 anos de vida). Aos não familiares com o trabalho do autor, aqui cabe uma pequena pausa para apresentar uma singela relação (que de forma alguma se preocupa em ser completa em qualquer sentido) de alguns dos seus trabalhos:

- (1953) It's a Good Life: Um famoso conto de ficção científica e provavelmente o seu trabalho mais reconhecido;

- (1958) It! The Terror from Beyond Space: Bixby screveu o roteiro deste filme que muitos consideram como uma grande influência para o filme Alien de 1979;

- (1959) The Twilight Zone: Rod Serling adaptou It's a Good Life em um episódio homônimo da terceira temporada do programa. O segmento trouxe Bill Mummy (de Lost in Space e Babylon 5) no papel central da história (Anthony Fremont);

- (1966) Star Trek: Escreveu os episódios Mirror, Mirror (talvez o seu trabalho mais conhecido), By Any Other Name, Day Of The Dove e Requiem For Methuselah. Alguns acreditam ainda que It's a Good Life possa ter tido alguma influência no episódio Charlie X;

- (1966) Fantastic Voyage: Escreveu a história original do filme, a qual foi adaptada para a telona e só DEPOIS foi novelizada (via o roteiro filmado) por Isaac Asimov (que fez várias modificações em nome da plausibilidade e da consistência científica).

Como dito acima, Bixby terminou de ditar o roteiro em seu leito de morte para o seu filho, que partiu eventualmente para financiar a produção de um filme baseado na história. O orçamento disponível foi MUITO pequeno, o correspondente a aproximadamente 1/35 do utilizado para a feitura de The Ark Of Truth (só para efeito de comparação). Em uma atitude inusitada, os realizadores chegaram a agradecer as pessoas que fizeram a distribuição (ilegal!) do filme em redes P2P, algo que elevou a visibilidade da produção MUITO além dos seus mais insanos sonhos. O filme se resume a uma longa conversa entre amigos professores universitários em um único cômodo de uma casa e não tem aspirações vanguardistas. Muito pelo contrário, parece mais uma "história perdida" dos clássicos tempos de Zone, Limits e Trek.

O filme é centrado na seguinte pergunta especulativa: "E se... Um exemplar de homem primitivo tivesse sobevivido até os dias de hoje e pudesse seguir ainda além?" Um presente afirma ser (ele próprio) este tal "homem das cavernas" e diz que está de partida para um outro local, identidade e ocupação (como diz ter feito sempre quando o seu não envelhecimento começava a causar suspeitas). A sua fantástica história é discutida com a mente aberta (na maior parte do tempo) por todos e o termo "fascinante" vez após vez teima em vir a mente do espectador. Grande parte de tal narrativa serve de clara e rica metáfora a uma pessoa (re) avaliando a vida em um momento crucial, mesmo na iminência do seu fim. Eis que a descrição do persongem titular eventualmente parece se confudir com um testamento do próprio autor já proximo ao final do filme, onde uma arrepiante revelação de cunho religioso é apresentada e estudada em meio a dor (de alguns) e rejúbilo (de outros) dentre os presentes. O conto termina em uma nota de trágica ironia, que reafirma o que foi dito, logo após a sua negação.

Assistir ao filme não me fez lembrar qual é realmente a razão de ser da boa ficção especulativa, de fato nunca a esqueci. O gratificante foi perceber isto na mente de tantos outros que abraçaram tão modesta produção. Foi incrível (mesmo!) recordar (especialmente do jeito cristalino que esta história me permitiu) de caras tão importantes na forma em que sempre vi o mundo ao longo do meu desenvolvimento enquanto ser humano. Os saudosos "Homens da Terra"... Serling, Stefano, Coon... E Bixby! 
 
--------------

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

COEN BROTHERS (1984-2013)

----------
 
 
(1984) Blood Simple [****] GF1000

(1987) Raising Arizona [****]
GF1000

(1990) Miller's Crossing [****]
GF1000

(1991) Barton Fink [****]
GF1000

(1994) The Hudsucker Proxy [**1/2]
GF4000

(1996) Fargo [****]
GF1000

(1998) The Big Lebowski [****]
GF1000

(2000) O Brother Where Art Thou [***1/2]
GF2000

(2001) The Man Who Wasnt There [**1/2]
GF5000

(2003) Intolerable Cruelty [*]

(2004) The Ladykillers [*]

(2007) No Country For Old Men [****]
GF1000

(2008) Burn After Reading [**]
GF4000

(2009) A Serious Man [****] 
GF1000

(2010) True Grit [**] 
GF4500
 
(2013)  Inside Llewyn Davis [****] GF1000

----------